Na década de 60, surgiu na cidade de São Francisco, nos Estados Unidos da América, o movimento Hippie que como uma grande onda se alastrou por todo o mundo.
Foi um movimento onde os jovens contestavam valores e costumes das sociedades de então e exibia como uma das suas principais bandeiras o desapego aos bens materiais e ao conforto e pregava a valorização da vida natural e o amor livre.
Quando o mundo tomou conhecimento da existência desse movimento, Curaçá tinha um hippie, a décadas, e já nem era mais tão jovem: Antônio Lopes.
Ele jamais se prendeu em uma estrutura famíliar, em um lar, mesmo tendo filho, e menos ainda a bens materiais. Viveu livre e solto e fez da vastidão do mundo a sua casa até morrer idoso, creio que na década de 80.
Ia a São Paulo, Paraná ou outros lugares distantes com a naturalidade como ia ali na Barra Grande ou na Faz. Riacho do Gato. Uma ocasião, conversava com conterrâneos em São Paulo e lembrou que precisava voltar porque tinha deixado apertado um “lático” de um chocalho. Levantou e viajou de volta para Curaçá para salvar o seu animal.
Outra vez, por ocasião da Semana Santa, indo para Juazeiro, a sua tia Domingas deu-lhe um dinheiro para trazer uns cocos. Em Juazeiro Antônio Lopes resolveu seguir adiante. Cerca de dois anos, depois de andanças por São Paulo e Paraná, passou de volta em Juazeiro, comprou os cocos encomendados e chegou com eles em Curaçá. Os entregou à D. Domingas dizendo:
– Taí seus cocos, minha tia. Pra Senhora não pensar que eu queria ficar com o seu dinheiro.
Por Omar Torres, popular Babá
Memorialista e Adminsitrador