Hoje lhe convido a me acompanhar até Barro Vermelho, um dos mais antigos distritos de Curaçá.
Além da música, talvez a manifestação mais natural e representativa da sua gente, “Bavermei”, como carinhosamente dizem os seus filhos, sempre contou com pessoas de destacado bom humor e afiada veia satírica.
Dentre essas pessoas, Malaquias foi, possivelmente, o mais conhecido e festejado gozador. Dono de um raciocínio muito rápido e com a respostas pronta para todas as indagações na ponta da língua, Malaquias era admirado e a sua ferina língua temida.
Certa vez ele e mais dois trabalhadores estavam contratados por dia de serviço para abrirem buracos para a feitura de uma grande cerca. Enquanto trabalhavam, um parente do dono do serviço pôs-se a observar que Malaquias produzia bem menos que os outros. Zangado reclamou:
– Malaquias, os outros já abriram 8 buracos e você ainda tá no segundo!
– É que eles estão com pressa, e eu não.
Foi a resposta imediata.
Já fazia um bom tempo que Malaquias era viúvo. Todos viram que ele tava de xodó com uma mulher que não se prendia aos rigores morais das famílias do lugar. Quando ele deixou escapar que pretendia casar com esta dita criatura, a sua família entrou em ebulição e o filho mais velho o chamou às falas:
– O senhor ficou doido? Todos aqui conhecem essa mulher e sabem dos seus maus procedimentos. Além de tudo, todo mundo sabe que ela “já é furada”.
E Malaquias não deixou ele fechar a boca:
– Eu também sei. Mas eu não quero ela pra carregar água.
O filho desistiu da conversa!
Por Omar Torres, popular Babá
Memorialista curaçaense e Administrador