Do meio para o fim da década de 70, começou um acelerado processo de migração da população das fazendas para a cidade de Curaçá. As dificuldades na zona rural só aumentavam e os benefícios ou sinais de progresso não passavam dos limites da cidade. As administrações municipais estimulavam o êxodo com a concessão de terrenos e algum emprego. Houve até conhecidos homens de posses nas caatingas vindo ser vigia de praça na cidade. A mão de obra foi rareando e as fazendas sendo abandonadas. Os velhos criadores sentiram o peso da ausência de vizinhos e a tristeza e solidão das casas abandonadas. Aliado à crise social, houve na década de 80, prolongados períodos de estiagem. Nos dias de feira só se comentava e lamentava a difícil situação.
Foi num desses dias que vi o velho amigo e de há muito viúvo, Pedro Monteiro da Fazenda Curral Velho, caminhando apressado. Em frente ao Bar de Joatan nos topamos frente a frente. Estendi a mão em cumprimento:
– Seu Pedro, como vai?
E ele ainda segurando a minha mão respondeu incontinente:
– Não tô bem não, meu fio. Aquele meio que moro virou um êrmo terríve. Num se acha uma muié pra namorar, num se acha nada.
-Entendi o recado.
Cada um reclama do que lhe faz falta.
Nos despedimos e seguimos cada um pra um lado e cada um com as suas preocupações e necessidades.
Por Omar Torres
Memorialista Curaçaense e Administrador