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Cultura

Crônica: Uma sessão inusitada na Câmara de Vereadores de Curaçá

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O salão nobre da Prefeitura de Curaçá foi utilizado de diversas maneiras ao longo dos anos.

Era nele os bailes elegantes e suntuosos de uma época, assim como também serviu de sala de audiência da Justiça e salão do Tribunal de Júri. Também nele funcionou por muito tempo a Câmara Municipal de Vereadores e até o Gabinete de um Prefeito.

De cada tempo e utilidade se tem interessantes histórias pra contar. Hoje, vou contar um episódio do tempo em que ali funcionava a Câmara de Vereadores. De 1983 a 1988 o veterano político Ismael Cariri, deixou de ser vereador para ser o vice-prefeito de Theodomiro Mendes.

Para continuar tendo apoio na casa legislativa, indicou e elegeu Raimundinho, como seu substituto na representação de Riacho Seco. Raimundinho, um homem muito simples, agricultor e não político de carreira, exerceu o mandato como um fardo pesado e foi exponencial representante da bancada do silêncio.

Fugia das discussões polêmicas acaloradas, como o diabo da cruz e sempre em silêncio votava favoravelmente em toda matéria de interesse do prefeito. Enquanto Themistocles Duarte Sobrinho, o Mica de Hermes, era um exaltado líder na defesa do Prefeito Theodomiro, pela oposição Ugo França era um implacável adversário e crítico feroz. Certa vez, no meio de uma dessas acirradas discussões, eles já estavam quase se agredindo fisicamente.

Ugo gritava acusações contra o prefeito quando Mica pegou um pesado cinzeiro de vidro para atirar nele. Entrou em cena a turma do deixa disso e foi exatamente nesse momento de extrema tensão que se ouviu a acanhada voz de Raimundinho dirigida ao Presidente da Casa. Todos os olhares se voltaram para ele. O assombro foi geral.
– Seu presidente, me concede um aparte?

Diante da inusitada manifestação do silente vereador, os brigões se acalmaram e fez-se profundo silêncio no plenário.

– Com a palavra o nobre Vereador Raimundo, anunciou solenemente o Presidente atribuindo muita importância ao fato.

Engolido pelo paletó, excessivamente grande para o seu minúsculo tamanho, Raimundinho levantou-se, pigarreou, temperou a garganta e soltou a voz.
– Seu Presidente, eu quero pedir pra Dona Adnólia fechar uma banda daquela janela do meio que o sol tá batendo bem em minha cara.

Agradeceu e sentou novamente.

Incontidos risos foram ouvidos disfarçadamente no salão. Os ânimos exaltados se acalmaram e a tumultuada sessão foi encerrada em paz.

Por Omar Babá Torres

Administrador e Memorialista Curaçaense

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2 Comments

2 Comments

  1. Wellington Cordeiro Lima

    6 de abril de 2023 at 10:05

    Parabéns meu amigo Babá, por ter nos brindado com causos pitorescos do nosso querido Curaçá.

  2. Paulo Roberto Barbosa Lima

    19 de junho de 2024 at 19:50

    Que bom Babá lembrar dessas fatos inusitados da história política da nossa Curaçá. Esses políticos folclóricos marcaram a história política curaçaense. Os de hoje, não tem o brilho e nem a sabedoria política dos de outrora. Parabéns

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Bahia

Projeto AMAres entre Rios leva capacitação e oportunidades internacionais para artesãs de Curaçá

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O sertão baiano está ganhando destaque internacional graças a um projeto inovador que une tradição, capacitação e empoderamento feminino. Trata-se do AMAres entre Rios, iniciativa patrocinada pela Blue Sky, em parceria com a Amares do Brasil, o Grupo Mulheres do Brasil e o Instituto Parceiros Caatinga. O projeto tem como principal objetivo capacitar artesãs do município de Curaçá, na Bahia, para a criação de produtos artesanais com alto valor agregado e voltados ao mercado internacional.

Por meio de oficinas práticas e consultorias especializadas, o AMAres entre Rios busca não apenas aprimorar técnicas artesanais, mas também orientar as participantes sobre tendências de mercado, branding, sustentabilidade e estratégias de comercialização. O projeto fortalece os grupos locais, promovendo a brasilidade através do design e da identidade cultural do sertão.

“Nosso foco é mostrar que o saber tradicional, quando bem valorizado e conectado com o mercado certo, pode transformar realidades. Estamos oferecendo ferramentas para que essas mulheres se tornem protagonistas de suas histórias, com independência econômica e reconhecimento internacional”, afirma Amanda Medrado, Diretora Criativa da Amares.

Além do impacto econômico, o projeto também tem forte viés social. A maioria das participantes são mulheres que, até então, não tinham acesso a redes de apoio ou capacitação formal. Com o AMAres entre Rios, elas encontram um espaço de aprendizado, troca e valorização de suas histórias e talentos.

A primeira fase do projeto, que acontece ao longo dos próximos meses, já mobiliza dezenas de artesãs em Curaçá. Ao final do ciclo de oficinas, os produtos desenvolvidos serão apresentados em eventos e feiras internacionais, abrindo portas para exportação e parcerias comerciais.

Com essa ação, o AMAres entre Rios reforça o papel transformador do artesanato e da arte como caminhos para inclusão, inovação e desenvolvimento sustentável, mostrando que o talento brasileiro — especialmente o feminino — tem espaço e valor em qualquer lugar do mundo.

Fonte e Foto: Ascom/ Blue Sky

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Bahia

Projeto premiado “Entre Brasis” chega à Bahia e Pernambuco de 12 a 15 de abril

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Para quem deseja conhecer mais sobre as origens e vivenciar a cultura dos povos ancestrais, a proposta do projeto Entre Brasis, desenvolvida por artistas de duas regiões extremas do Brasil é uma grande oportunidade. De 12 a 15 de abril serão encenados dois espetáculos de companhias artístico-culturais amefricanas, o Grupo Baquetá (PR) e a Cia Arteatro (RR), entre crianças, jovens, professores e famílias das comunidades locais da Bahia e de Pernambuco.

Mais do que simplesmente encenar, os artistas proporcionam oficinas e outras atividades fora dos teatros ou da rua, onde comumente são encenados. As apresentações e atividades estão acontecendo preferencialmente em comunidades indígenas, quilombolas, terreiros e escolas e todas terão acesso gratuito, bem como medidas de acessibilidade arquitetônica e comunicacional. Além dos espetáculos, ocorrem ainda rodas de conversa sobre as narrativas afro-indígenas e o fazer-artístico.

Enquanto o Grupo Baquetá apresentou o espetáculo Karingana UA Karingana! Histórias de Áfricas, a Cia Arteatro encena Gotas de Saberes. “São tempos utilizados para a escuta atenta e trocas com experiências artísticas-culturais locais. No “livre” percorrer pelos territórios, partindo da generosidade dos produtores-moradores das cidades onde estaremos, compartilhando suas redes, ampliaremos o efeito de nossas passagens”, diz Silmara Costa, gestora e atriz da Cia Arteatro.

Ao todo, serão 14 apresentações e atividades de formação e intercâmbio. Já receberam o projeto as cidades de Boa Vista (RR), Piraquara (PR) e Morretes (PR). Agora, nesta segunda etapa, o território quilombola de Curaçá (BA) recebe o coletivo, passando também por Petrolina. A terceira e última etapa ocorre em Alto Paraíso de Goiás (GO).

Segundo Kamylla dos Santos, uma das diretoras do projeto e do Grupo Baquetá os dois coletivos têm em comum produções que refletem sobre seus contextos sociais e raciais, com base na contra-colonialização e afirmação identitária. Essas similaridades nos unem e tornam potente nosso encontro, fomentando o intercâmbio de culturas e saberes afro-indígenas de diferentes regiões do país”.

O projeto é fomentado pela Fundação Nacional de Artes (Funarte), por meio do Rede das Artes – Programa de Difusão Nacional, no edital Bolsa Funarte de Teatro Myriam Muniz 2023 e celebra 31 anos de fundação da Arteatro e 15 anos do Baquetá. “Entre Brasis” foi nacionalmente premiado no 8º PRÊMIO LEDA MARIA MARTINS, categoria Muriquinho – infantojuvenil.

PROGRAMAÇÃO CURAÇÁ – BA

12/04 – TERRITÓRIO QUILOMBOLA NOVO JATOBÁ

8h30: Oficina – Pintura corporal com sumo de jenipapo e sua relação com os grafismos indígena (Cia Arteatro)

11h00: Espetáculo Gotas de Saberes (Cia Arteatro)

12h 00: Almoço

14h30: Oficina – Brincando Áfricas (Grupo Baquetá)

15h30: Roda de conversa – Narrativas afro-indígenas e o fazer artístico nas diferentes regiões do Brasil, semelhanças e diferenças, com os integrantes dos dois grupos

 

13/04 – TEATRO RAUL COELHO – R. Cel. J. Coelho Aquino, 121-155 – Curaçá, BA

20h: Espetáculo Karingana ua Karingana! Histórias de Áfricas (Grupo Baquetá)

 

PROGRAMAÇÃO PETROLINA – PE

14/04 – SESC PE – R. Pacífico da Luz, 618 – Centro, Petrolina – PE

14h: Oficina – Brincando Áfricas (Grupo Baquetá)

16h: Espetáculo Gotas de Saberes (Cia Arteatro)

 

15/04 – SESC PE – – R. Pacífico da Luz, 618 – Centro, Petrolina – PE

15h:  Espetáculo Karingana ua Karingana! História de Áfricas (Grupo Baquetá)

 

16/04 – ESPAÇO CORES – R. Barbosa Lima, 193 – Centro, Petrolina – PE

14h30 – Oficina – Pintura corporal com sumo de jenipapo e sua relação com os grafismos indígenas (Cia Arteatro)

 

KARINGANA UA KARINGANA! Histórias de Áfricas – Grupo Baquetá

Contar uma história é encontrar as sementes e puxar da raiz a nossa própria história. Estas são chamadas de karinganas em Moçambique, um dos 55 países do continente africano, e divertem e ensinam adultos e crianças. Para que a história comece, o contador grita: “Karingana ua Karingana?” E quem ouve, responde: “Karingana!”. As karinganas, contadas em roda, são ricas em ritmos, danças, cores e ancestralidade. De onde vem nossas raízes?

 

Ficha Técnica – Grupo Baquetá

Texto e Direção: Kamylla dos Santos

Composições: Kamylla dos Santos e André Daniel

Elenco: André Daniel, Kamylla dos Santos e Maycon Souza

Músico e B.boy: Maycon Souza

Trilha Sonora: Maycon Souza

Figurinos: Leonilda Santos e Naiarte

Criação de Luz: Nathan Gabriel

Adereços: Olho Místico

Cenário: Maikon Silva e Naiarte

Direção de Produção: Kamylla dos Santos

Produção: André Lucas Santiago

Oficina Brincando Africas: Kamylla dos Santos e André Daniel

 

Gotas de Saberes – Cia Arteatro

Sinopse: Faz parte de projeto homônimo que propõe a contação de histórias em forma de espetáculo. O texto, inspirado em histórias do povo originário da etnia MaKuxi, possui uma narrativa elaborada pelos atores a partir da história original e do processo de experimentação e vivência pessoal de cada um. A adaptação traz elementos da infância, de experiências vividas e ancestralidade dos atores. A peça é a concretização do desejo da companhia de realizar um espetáculo que aborda as suas ancestralidades, a sua identidade amazônica e roraimense e contou com a assessoria do dramaturgo e encenador Márcio Marciano na direção e na dramaturgia.

 

Ficha Técnica – Cia Arteatro

Direção Geral: Márcio Sergino

Consultoria em Direção e Dramaturgia: Marcio Marciano

Texto: Anderson do Nascimento, Silmara Costa, Victor Manoel

Dramaturgia: Marcio Marciano

Elenco: Aravis, Márcio Sergino e Silmara Costa.

Percussão e Apoio: Márcio Sergino

Pesquisa e Produção Musical: Victor Manoel

Produção Executiva: Silmara Costa

Produção: Pamela Duarte

Figurino: Paulo Trindade

Oficina Pintura Corporal com sumo de Jenipapo e sua relação com os Grafismos Indígenas: DoneS’Aunuru e Daya Roraima

 

Oficina Brincando Africas

Brincadeira também é história! Brincando aqui no Brasil ou em África, crianças e adultos aprendem, ensinam, trocam e se divertem! A oficina Brincando Áfricas propõe jogos musicais e corporais tradicionais de diferentes países do continente africano, que mesclam música, movimento, linguagem e dança e estimulam a coletividade e a circularidade.

 

Oficina Pintura Corporal com sumo de Jenipapo e sua relação com os Grafismos Indígenas

A Oficina de Pintura Corporal com sumo de Jenipapo e sua relação com os Grafismos Indígenas tem por objetivo proporcionar aos participantes uma imersão aos saberes que envolvem o campo cosmológico dos Povos originários a partir do “Pai Jenipapo”, as formas de extração do sumo desta fruta, o processo de transformação do sumo em tinta e, por último, a prática da pintura corporal para então receber o sumo na pele. Para isso, serão apresentadas algumas técnicas de pintura corporal inspiradas nas tradições étnicas.

Texto: Gisele Passos – Flamma Comunicação Organizacional

Foto: Florbela Letícia

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Cultura

Kombi do Ze Livrório chega a Curaçá com música e literatura para as crianças

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“Chegou, chegou… chegou a kombi do Zé… a kombi do Zé Livrório, que bonita que ela é”! É com este refrão que o artista Zé Livrório encanta a criançada por onde passa. Ele percorre várias regiões do Nordeste na “Kombi do Zé”, a sua biblioteca itinerante aberta para a visitação que possui um palco móvel para as apresentações musicais.

Na próxima sexta-feira, dia 04 de abril, o projeto de arte-educacao chega a Curaçá-BA, a partir das 16h na Praça de Eventos.

A programação conta com Bailinho de Zé Livrório – show que o artista faz com a banda completa. Artistas curaçaenses também irão se apresentar: a Galeota das Artes – com o teatro de bonecos -, além do cantor e poeta Pinzoh.

As crianças que forem ao evento irão ganhar o livro ZÉ LIVRÓRIO E A CARRANCA ENCANTADA, que retrata as belezas do rio São Francisco com mensagens de preservação ambiental.

O evento é patrocinado pelo Governo do Estado da Bahia, através da Bahiagás, e tem o apoio da Prefeitura Municipal de Curaçá, do deputado estadual Zó do Sertão e dos Salgadinhos Ok Chips.

Fonte: Ascom/Kombi Zé Livrório

Foto: Divulgação

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