Curaçá Oficial

Crônica: Indiscrição na Igreja

Por Omar Torres Babá

Administrador de Empresas e Memorialista Curaçaense


Pelo que se tem registro, ao longo das muitas décadas de existência de Curaçá, o seu povo sempre cultuou boas tiradas de humor, às vezes com pitadas de sarcasmos ferinos ou com apelidos desconcertantes.

Algumas pessoas chegavam a ser temidas pelos comentários ferinos, em forma de humor, que desconcertavam e envergonhavam. O Sr. Salvador, era um desses temidos gozadores.

Certa vez, ele estava na missa de São Benedito, com a igreja totalmente lotada. Muita gente estava de pé e o reduzido espaço obrigava as pessoas a estarem tão próximas que era impossível evitar contatos físicos. Uma devota senhora procurava se manter impassivelmente concentrada na cerimônia.

Mas, eis que na hora da consagração, momento de profundo silêncio, ela sentiu inadiável necessidade de soltar um pum. Ajeitou o corpo de uma perna pra outra e cuidadosamente se espremeu para que o pum fosse absolutamente silencioso. A isso, chamavam “capar o peido”. Cuidadosamente ela se aliviou e produziu apenas um baixíssimo e quase imperceptível piiiiiim!

Desconfiada se alguém próximo ouvira o seu discretíssimo e inconveniente som, passou o peso do corpo de uma perna pra outra, ajeitou a saia e pigarreou:
– Hã, hã, hã!!!

Seu Salvador que estava bem atrás dela, bateu-lhe suavemente no ombro. Ela se virou e ele olhando bem dentro dos seus olhos arrematou:

– Nem imita….! Não engana não.

A coitada, envergonhada saiu da igreja e perdeu o resto da missa.

Sair da versão mobile