A vida
“Eu sou o caminho, a verdade e a vida…” João 14:6.
Certa vez falei da morte, agora vamos falar da vida. Primeiro poderia ser a vida, mas a ordem foi invertida por obra do acaso. Será que primeiro a gente morre para depois viver?
Creio que para se viver devemos ter um sentido e uma causa. Jesus pode ser um desse sentido? Claro que sim, mas devemos ter cuidado para não ser uma fé cega, alienada, fundamentalista. É importante observar que Jesus foi vítima e lutou contra um poder arbitrário que foi o poder romano. Importante enfatizar que Jesus foi contra todo tipo de injustiça, inclusive a social. Lembremos que Jesus tinha um lado político definido. Filho de trabalhador (carpinteiro). Acredita-se que José tenha ensinado a Jesus o ofício da carpintaria, e que Jesus tenha exercido essa profissão antes de iniciar seu ministério público. Gente, Jesus nasceu em um cocho! Pergunta-se: Jesus poderia ter optado por nascer em um castelo? Sim, mas ele fez uma opção política! Acredito que podemos ter em Jesus, também, um sentido bacana de vida a se seguir e uma causa de se viver.
Faz-se necessário termos um sentido de vida porque se não iremos viver no automático, sem questionar nossas ações, e isso não é interessante para nós. É importantíssimo nos dedicar a alguma causa pra gente se sentir com vida, acordar e dormir pensando nela. Até para morrermos nós devemos ter uma causa. Então toma uma atitude e vai, luta por uma causa, um sonho, um filho, uma promoção etc. Segundo Freud, os melhores anos das nossas vidas são os anos de luta…
A vida é cheia de percalços, de idas e vindas, de altos e baixos e que bom ser assim porque se fosse em linha reta estaríamos sem vida. Já prestou atenção no seu eletrocardiograma como é? A vida tem que ter causa e sentido. Temos que saber o porquê vivemos. Estamos vivendo ou vegetando?
Na minha particularidade eu analiso que o grande mal de perdermos o sentido da vida decorre do capitalismo! O capital influencia diretamente nisso e nisto que eu falo. Nosso único objetivo é direcionado a ganhar dinheiro. Gastamos toda nossa energia nisso. E como consequência o vazio vem. Não poderia ser diferente. O objeto do capital é o lucro. Somente esse. Por isso temos tanta gente depressiva e ansiosa. Mas Netinho, dinheiro é ruim é? No capitalismo não. Ele se torna necessário para sobrevivermos, mas não para vivermos. O capital trabalha na ilusão, fazendo você acreditar que devemos ter necessidades que na verdade não existem. Questiono: qual foi a atitude que Whindersson Nunes fez com tanto dinheiro? Em uma atitude mais que louvável e corajosa procurou uma clínica para se curar… isso se configura pra mim que dinheiro não preenche nossa alma, nossa vida.
Dirley da Cunha Jr., juazeirense da Bahia, ao escrever sobre o direito à vida ministra: direito legítimo de defender a própria existência e de existir com DIGNIDADE , a salvo de qualquer violação, tortura ou tratamento desumano ou degradante. O mais fundamental de todos os direitos, condição sine qua nom para o exercício dos demais.
Já Paulo Gustavo Gonet Branco, atual Procurador Geral da República, diz: o direito à vida é a premissa dos direitos proclamados pelo constituinte; não faria sentido declarar qualquer outro se, antes, não fosse assegurado o próprio direito de estar vivo para usufruí-lo. O seu peso abstrato, inerente à sua capital relevância, é superior a todo outro interesse.
Não é puxando o saco por sermos quase conterrâneos, mas eu me alinho a doutrina do Professor Dirley pelo fato dele ter usado uma palavra que eu considero basilar. Não sei se vocês perceberam, mas eu coloquei em caixa alta a palavra “dignidade” no quarto parágrafo.
Concluo esse pensamento dizendo que não existe vida se não formos tratados em todos os sentidos com dignidade, sem contar que nossa Constituição Federal tem como princípio fundamental e imprescindível a Dignidade Humana.
Por Netinho de Elzeneide