Curaçá Oficial

Poema Para as Mães, por Demis Santana

Mulher,
Só você tem a capacidade
De, com esforço e dor
Gerar a maternidade
E ser o ser de quem
O filho, a filha
Vai ter sempre a lealdade.

És aquela que oferece
A nós o vosso colostro
Que acalanto e que cuida
Com muito carinho e gosto
Vês a beleza que não existe
Quando olhas em nosso rosto.

Se atrasamos três minutos
Te desespera a saudade
Para que não nos desgracemos
Tu faltas até com a verdade
Filho bem, filha saudável é a tua felicidade.

Teu umbigo
Meu umbigo
Este indestrutível elo.
Tuas lágrimas engasgadas
Na palmada com o chinelo
Monstro ou gigante se me ameaçar
Está posto o duelo.

Mas agora, neste instante, eu quero é perguntar
Se de nós cuida a mãe
Quem da mãe há de cuidar?
Quem que vai lhe dá um colo
Suas lágrimas secar?

Essa mulher que se dedica
A nós ao longo dos anos
Faz das tripas coração
Pra reparar nossos danos
E que raramente escuta o falar
Mãe, eu te amo!

Essa mulher que triste
Finge que tem alegria
Que engole e esconde
Gigantesca agonias
Que sente a dor da fome
Para alimentar as crias.

Essa mulher que ainda fraca
Nos põe segura no colo
Que grita para a tristeza
Me maltratas, mas, não choro!
Que se vê abandonada
Que assume ser mãe solo.

Incompreendidas mulheres
E eu digo Data Vênia
A qual sugamos por toda vida
Como solitária tênia
Nos pinça e nos destaca
Como a teoria eugênia.

Você que apronta e apronta
E espera que sua mãe te socorra
Crie juízo, se toque
Parece com toda essa porra
Dê a ela o melhor presente:
Não mate, não morra.

Chega dessa falsidade
Chega de tanto cinismo
De fingir que sofrimento
É sinônimo de heroísmo
Se quisermos de verdade
Dar às mães o brilhantismo.

Que tal despertar na hora
Em que ela já está de pé
Não tratá-la como empregada
Trata-la como mulher
Remunerá-la como doméstica
Levar na cama
O café.

Acabar com o mínimo
Que a toda hora se insinua
Saber que ela chora e sofre
Que tem cólicas quando menstrua
Dar-lhe folga para que curta
Do nascer do sol ao se por da lua.

Que tal parar com o dengo
Parar de pedir arrego
Evitar as babaquices
Que deixam as mães com medo
Liberta-la da escravidão
Ajuda-la a ter um emprego.

Se sua mãe for viúva
Deixe ela passear
Se sua mãe for mãe solo
Deixe-a se libertar
Ir ao shopping com amigas
Ir pras festas, namorar.

Tá na hora de corrigir
O gigantesco engano
Mãe não é eterna escrava
Pra servir aos nossos planos
Mãe é feita de carne e osso
Mãe é comum ser humano.

Se és machista e escroto
Seu presente não adianta nada
Saiba que como todos
Sua mãe é profana e é também sagrada
Deixe que sua mãe tenha êxitos
E seja mulher empoderada.

Já disse tudo o que penso
Não sei se o fiz direito
Mas, se quiseres de fato
Como querido ser eleito
Não dê à sua mãe presentes
Dê reconhecimento e respeito.

Dedico essa cordel, à Dona Dazul ( vizinha de baixíssima renda), que quando eu era criança, sacrificava os poucos ovos que tinha para se alimentar, para fazer bolo para mim e para as suas filhas, só para nos ver felizes.

Dedico, à minha mãe Dona Adélia que trabalhou na roça, foi operária, doméstica e pequena empreendedora, boa esposa e maravilhosa mãe.

Dedico, à Dona Chiquinha, que com Seu Raimundo, adotaram meu pai em Juazeiro-BA, quando ele veio, menor de idade, fugido das Alagoas.

Dedico, às várias senhoras, que me adotaram, nos quatro cantos do mundo, por onde andei longe da família.

Dedico, às minhas amigas professoras e de outras profissões que são mães, algumas até mesmo sem nunca ter parido.

Dedico, a minha irmã Francineide e à minha prima Josélia, que também me criaram.

Dedico, às mulheres trans, e aos casais gays, que adotam crianças e que cuidam como se de fino cristal elas fossem feitas.

Dedico, por fim, a quem compreende que a mulher é um ser igual, porém especial, que merece todos os direitos fundamentais e muito mais.

Emocionado aqui.
Um milhão de beijos para todos e todas.

Por Demis Santana
08/05/2025

Sair da versão mobile