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Crônica: O conflito entre Jaime Barros e Tertuliano Pires (Tingo)

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Jaime Gomes de Barros, de tradicional e prestigiada família boavistana, instalou comércio em Curaçá, no final dos anos 50. Ampliou os negócios na década de 60 e se firmou como o maior e mais próspero comerciante do lugar nas décadas seguintes.

Não lembro com precisão o ano em que se deu fato que vou narrar, mas tenho certeza que foi pouco depois de 1960.
D. Eulina, sogra de Jaime Barros, viera de Garanhuns para ficar com a filha Maria José, D. Zezé, em Curaçá. Por várias razões ela não se entrosou bem com a comunidade e, embora tratada com respeito, não era, como a filha e o genro, adotada pelos curaçaenses.

Certo dia, ela estava atendendo os fregueses quando Tertuliano Pires do Nascimento, o popular Tingo, encostou no balcão e com o dinheiro na mão, pediu uma carteira de cigarros. A compra e o pagamento foram concluídos e em silêncio Tingo continuou de pé junto ao balcão. Minutos depois Tingo anunciou que aguardava o troco. Rispidamente D. Eulina respondeu que já lhe havia entregue. Instalou-se o bate boca : dei, não deu. Entreguei, não recebi… As vozes subiram de tom e os ânimos se exaltaram.

-Você está querendo roubar- acusou D. Eulina.
– Me respeite -refutou Tingo. Vocês é que tem costume de praticar atos dessa natureza, gritou, batendo no balcão.
Os presentes interferiram na discussão, D. Eulina foi levada pra dentro da residência contígua ao armazém e Tingo levado pra fora, seguindo daí pra sua casa.

Jaime Barros chegou de viagem à noite e tomando conhecimento do incidente se disse ultrajado e agredido na sua honra. Jurou reagir em nome dela.
Dois dias depois, quando pouco ja se falava do bate boca, viu-se a estranha movimentação de cerca de 08 ou 10 homens desconhecidos e provavelmente armados, em andanças pelas ruas da cidade. Foi então que toda Curaçá soube que Jaime Barros andava com “amigos” à caça de Tingo. Rapidamente um grupo de curaçaenses se reunião no Bar de Zé de Roque e deliberou que reagiria à afronta. Armou-se um grupo de homens de Curaçá e partiu para o confronto que parecia inevitável. Felizmente, algumas pessoas de bom senso sugeriram uma reunião com o comandante dos invasores antes de qualquer ação bélica.

O próprio Zé de Roque chamou essa responsabilidade para si e foi procurar Jaime Barros. O diálogo travado em entre eles foi duro e franco:
– Vocês estão afrontando e desrespeitando o povo de Curaçá – disse Zé de Roque.
– Tenho de reparar a minha honra que foi ferida e ultrajada- disse Jaime Barros.
– Pois saiba que qualquer agressão a Tingo, dentro da nossa cidade, será recebida como uma agressão a todos curaçaenses. Se isso acontecer, reagiremos à altura e você será responsável pelo banho de sangue que ocorrer- advertiu Zé de Roque.
Outros interlocutores entraram na conversa e o bom senso prevaleceu. Os ânimos foram acalmados e a razão prevaleceu ante a extensão e gravidade do que poderia acontecer.

Jaime Barros ordenou a retirada dos seus “amigos” e a paz voltou a Curaçá, ainda que tensa e vigiada por longo tempo.

Dessa quase guerra que vivi quando criança, sobrevive em mim as lembranças da tensão e da angústia sentidas diante da proximidade da terrível violência que poderia yer acontecido. Agora, de verdade, o que mais sinto é um enorme orgulho do espírito comunitário e fraterno da Curaçá de então.
Importante dizer que dos principais atores dessa quase tragédia, nenhum era curaçaense de nascimento: Jaime Barros, de Boa Vista/PE, Tingo, Icozeira/Abaré e Zé de Roque, de Uauá. Mas todos se mostraram autênticos representantes da verdadeira maneira de amar e de
ser curaçaense.

Por Omar Torres, popular Babá

Administrador e Memorialista

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Cartório Eleitoral de Curaçá chama atenção de jovens entre 16 e 18 anos para emissão do Título de Eleitor

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Se você tem entre 16 e 18 anos, procure o Cartório Eleitoral de Curaçá para emitir seu título de eleitor. É necessário apresentar um documento de identidade (RG ou equivalente) e um comprovante de residência.

Endereço: Rua Hermes Duarte, nº 95, Centro, Curaçá-BA

Horário de atendimento: Segunda a sexta, das 8h às 14h

As informações são fornecidas pelo Cartório Eleitoral de Curaçá. Contribua para a democracia exercendo seu direito ao voto.

Texto: Alinne Torres

Foto: Divulgação

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45ª CIPM erradica plantações de maconha na zona rural de Curaçá

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Na sexta-feira (04), a Polícia Militar da Bahia, por intermédio da 45ª Companhia Independente de Polícia Militar (CIPM) de Curaçá, intensificou as ações de combate ao cultivo ilícito de entorpecentes na região de Ilha Redonda de Cima. Em parceria com a Polícia Militar de Pernambuco, foram deflagradas duas operações que resultaram na erradicação de significativos plantios de Cannabis sativa.

Em uma das ações, os policiais localizaram uma roça com 3.200 pés de maconha, os quais foram imediatamente erradicados e incinerados no local. Em outra operação, realizadas quase simultaneamente, duas roças foram encontradas: uma com 7.500 pés e outra com 3.500 pés, totalizando 11.000 pés da erva. Assim, as equipes garantiram a destruição completa do material, tendo sido encaminhada uma amostra à Polícia Judiciária para a adoção das providências legais cabíveis. Em ambas as ocorrências, nenhum suspeito foi encontrado nas proximidades.

Com informações da 45ª CIPM

Foto: 45ª CIPM

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Onda de Calor Continua em Curaçá: Termômetros Devem Ultrapassar os 35°C

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Os moradores de Curaçá seguem enfrentando dias de calor intenso, e a previsão para os próximos dias não traz alívio. De acordo com o Instituto Climatempo, entre sexta-feira (04) e domingo (06), o tempo continuará seco e quente, sem previsão de chuva para a região.

As temperaturas devem oscilar entre a mínima de 23°C e a máxima de 36°C, exigindo cuidados redobrados com a hidratação e a exposição ao sol. Acompanhe mais atualizações sobre o clima em nosso site.

Texto: Alinne Torres

Foto: Arquivo Curaçá Oficial

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