Por Drº Ruan Abreu / Médico Veterinário
Carrapatos são animais parasitas, invertebrados, vetores de várias doenças para os Animais e para o Homem, os do gênero Amblyomma. O A. sculptum possui ampla distribuição por todo território nacional e é popularmente conhecido como “carrapato estrela”, “carrapato do cavalo” ou “rodoleiro”, suas ninfas por “vermelhinhos” e as larvas por “carrapatinhos” ou “micuins”.
Os carrapatos são vetores de várias bactérias que provocam doenças tanto em Animais quanto em Humanos. A esse respeito pode-se mencionar as seguintes:
- Os carrapatos da espécie O sculptum são os principais vetores da bactéria Rickettsia rickettsii causadora da FEBRE MACULOSA BRASILEIRA.
- DOENÇA DE LYME: é transmitida pelo carrapato do gênero Ixodes, que pode transmitir a bactéria Borrelia burgdorferi para as pessoas.
- DOENÇA DE POWASSAN: é uma doença rara que também pode ser transmitida pela mordida do carrapato do gênero Ixodes, infectado pelo vírus Powassan.
- A BABESIOSE é uma doença infecciosa que também pode acontecer nas pessoas através da mordida do carrapato infectado pelo protozoário do gênero Babesia spp. Sendo esta também comum em cães e bovinos sendo nestas duas últimas espécies (ESPÉCIES-ESPECÍFICAS – Ou seja babesia humana, babesia canina, babesia bovina).
- ERLIQUIOSE – A erliquiose é uma doença que acomete o HOMEM e os CÃES, nos primeiros é chamada de ERLIQUIOSE HUMANA MONOCÍTICA, é uma doença que também pode ser transmitida pelo carrapato infectado pela bactéria Ehrlichia chaffeensis. Nos cães também existe uma ERLIQUIOSE CANINA – provocada pela bactéria Ehrlichia canis, Neste caso assim como na BABESIOSE são ESPÉCIE/ESPECÍFICA.
- ANAPLASMOSE CANINA:
A anaplasmose canina é uma outra doença do carrapato e tem como agente etiológico o Anaplasma platys, que é responsável por casos de trombocitopenia e parasitemia das plaquetas em cães.
Dentre as Doenças transmitidas pelo Carrapato citadas que acometem o HOMEM e apresentam maior RISCO e PROBABILIDADE de ocorrência no Brasil que podem ser transmitidas por Bactérias que infectam CÃES está a Febre Maculosa. Os canídeos são suscetíveis e sentinelas na cadeia de transmissão da doença, pois possuem acesso a fragmentos de matas, caracterizando áreas de interface doméstico–silvestre, consequentemente promovendo a veiculação do carrapato infectado da mata às residências, infectando assim humanos. A doença em cães é rara.
De 2003 a 2018, foram registrados mais de 2.000 casos de Febre Maculosa Brasileira, com maior frequência na região Sudeste com 1.554 casos registrados de 2003 a 2018, seguida da região Sul com 529 casos registrados no mesmo período. Na região Norte, apenas Rondônia apresentou casos entre 2015 a 2018, totalizando seis casos. Na região Nordeste, o estado do Ceará apresentou 12 casos entre 2010 e 2018, e Alagoas apresentou um (01) caso em 2015. Na região Centro – Oeste, Goiás e Mato Grosso do Sul apresentaram 11 e sete (07) casos respectivamente, no período entre 2010 e 2018. A letalidade da doença é em média de 40%, podendo chegar a 80% nos casos graves, no período de 2003 a 2018.
As doenças do carrapato não existem vacinas tanto em Humanos quanto em animais, mas há formas de prevenção.
- Dê sempre uma boa olhada nos pelos do cachorro – especialmente após ser exposto a outros lugares, como em passeios na rua;
- Limpe o ambiente onde ele vive rotineiramente;
- Procure usar produtos carrapaticidas para o animal e para o ambiente como sabonetes, xampus, etc., desde que indicados por um veterinário;
- Corte a grama (se houver em seu quintal) e plantas do jardim e mantenha paredes limpas;
- Se for viajar, confira as condições de onde vai deixar seu cachorro. O mesmo vale se ele for com você.
Já quanto as medidas de prevenção das Doenças do Carrapato nos Humanos pode-se citar além daquelas relacionadas anteriormente que visam a proteção do cão estão:
- Ações educativas – alertar a profissionais de diferentes áreas que tenham potencial de risco de transmissão maior como médicos veterinários, profissionais de saúde, turismo e agropecuária.
- Alertar a população a respeito dos sinais clínicos, presença próximo a locais de florestas, matas, lagoas e contato com animais silvestres.